quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Visita à 6ª Bienal do Mercosul

Enquanto aluno de Pedagogia da Ufrgs, visitei a 6ª Bienal do Mercosul, junto com o professor de Artes Visuais, Bento Fagundes de Abreu, durante aula presencial que tivemos. Me impressionei com o trabalho de mediação que Thales Speroni fazia sobre a obra de Jorge Machi, no Santander Cultural, em Porto Alegre. De tal forma achei importante o trabalho deste mediador, que levei meus alunos a fazerem a mesma visitação, para que pudessem desfrutar de semelhante insight sobre uma obra tão significativa, acrescida de um trabalho de mediação tão competente. Os vídeos mostram os alunos do Justo e o mediador Thales, reconstruindo os caminhos de Jorge Macchi. Este, com certeza, foi um momento educacional único, ímpar, para todos os envolvidos.

teatro na escola

Alunos da 6ª série, turma 62, da Escola Municipal Alfredo José Justo, apresentando para toda a comunidade escolar, durante as celebrações da Semana da Consciência Negra, o trabalho desenvolvido em sala de aula. Texto, trilha sonora, ensaios e montagem feitos por eles. Este é um dos aspectos positivos e gratificantes, resultantes do que aprendi com meus estudos e atualizações realizados através disciplina de Teatro, com o professor Gilberto Icle, no Curso de Pedagogia da UFRGS. O entusiasmo e a receptividade dos colegas durante a apresentação espontânea, não feita pra mostrar num dia só, mas fruto do questionamento dos mesmos em relação aos problemas que observam no seu dia-a-dia. O texto que eles criaram tem um forte referencial em relação as discriminações e preconceitos que são testemunhos. A menina que é posta para fora de casa por ter engravidado na adolescência, o namorado que não assume a criança, o rapaz que se envolve em drogas e é preso, a perda do pai atropelado, no momento em que resolve mudar de opinião e ajudar a filha que ele abandonara, a menina que ganha um filho com necessidades especiais. Todos estes temas eles desenvolveram em um pequeno trabalho à partir da idéia de que um grupo de amigos, que brincava e dançava descontraidamente, passa a ter as suas vidas transformadas com a realidade cotidiana que lhes é imposta.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Aula de Música

Na aula de música, falamos sobre a mesma ser constituida por três elementos:
O ritmo, elemento primordial e mais primitivo, que é a divisão ordenada do tempo, a pulsação, a batida da música. Os exemplos de instrumentos de ritmo: Instrumentos de Percurssão (bateria, pandeiro, tamborim, etc).
A melodia, que é a sucessão de sons (uníssonos) em seqüência, repetindo ou variando tempo, altura e intensidade. Exemplos de instrumentos de melodia: Aqueles que tocam apenas uma nota por vez, como instrumentos de sopro ( saxofone, flauta, clarinete, oboê, etc) e a própria voz humana.
Harmonia, que é o conjunto de sons combinados simultaneamente, formando acordes. A harmonia é a ciência da combinação dos sons. Exemplo de instrumentos de harmonia: Todos aqueles que podem soar sons simultâneos ( piano, violão, órgão, harpa, etc.)


Conversamos brevemente sobre estas questões e partimos para o tempo na música, os compassos, compreendendo compasso como a divisão da música em séries regulares de tempo. Que os tempos pulsam em fortes e fracos, e que podem ser binários, ternários, quartenários.
Para compreender um pouco mais, fizemos exercícios com o corpo, utilizando o seu movimento, o movimento dos pés e as batidas de palmas. No vídeo, vemos um exercício de compasso binário, em 2 tempos.

Para uma primeira aula de música, a produção foi muito boa. O resultado, como podemos evidenciar, foi satisfatório. Quantas riquezas estão conquistando para as suas vidas, quando apresentamos uma proposta pedagógica que acrescenta descobertas e desafios, onde o lúdico, compartilhado com o outro, interagindo com o outro, cria ambientes solidários de incentivo e compreensão mútuos.



sábado, 24 de novembro de 2007

Consciência Negra na Escola Alfredo José Justo

Celebrações da Consciência Negra na Escola Municipal Alfredo José Justo, em Alvorada.No dia 22 de novembro de 2007, realizamos atividades nos turnos da manhã e noite (SEJA), junto aos educandos dos dois turnos, como parte das ações de combate ao preconceito. Convidamos os Grupos de Danças Afro da Escola Estadual Campos Verdes, dirigido pela professora Isabel e do Centro Florestan Fernandes,dirigido pela Professora Rita. À noite, além destes, também contamos com a apresentação do Grupo Musical do Florestan Fernandes, dirigido pela professora Lúcia. No turno da manhã, um grupo de alunos da turma 62 apresentou trabalho de teatro, realizado nas aulas de Educação Artística, e criado por eles, contextualizando o tema do preconceito em geral. No dia anterior, 21 de novembro, houve uma missa Afro em nossa Escola, promovida pela Secretaria de Educação de Alvorada, com a participação das Escolas Municipais e Comunidade. As fotos são créditos da professora Ivana Molina, responsável pela nossa Biblioteca no turno da noite, que gentilmente registrou as ações com a sua câmera.

domingo, 18 de novembro de 2007

Por que você ouve tanta porcaria?


Nelson Mota está certo quando diz "meu ouvido não é penico". É tanta mediocridade nas rádios, que, só agora me dei conta, ultimamente nem tenho ouvido rádio. Com a televisão acontece a mesma coisa, salvando algumas excessões. Fred 04, no texto "Por que você ouve tanta porcaria?" (Alisson Avila, in Revista Aplauso, Porto Alegre, ano 3, nº 22, 2000), chama de "pacto da burrice nacional", o fato de a mediocridade musical ter se generalizado nas emissoras. Para justificar esta evidência, ele argumenta que "todos os operadores culturais se vêem compelidos a atuar mediante determinados parâmetros éticos e estéticos, cada vez mais rígidos, estreitos, imediatos, rasteiros...para fazer com que o DINHEIRO corra cada vez mais rápido e sempre na mesma direção". Importantíssimo enfoque, se analisarmos o texto na sua íntegra e observarmos que é isto, que o capitalismo sufocou a estética cultural de um modo geral. Não só na música. Mas eu gostaria de acrescentar que esta coisa toda, que há tempos me colocava uma pulga atrás da orelha, não me parece estar isolada na importância do capital em si, do dinheiro. Me preocupava o fato de não entender direito o que acontecia com o meu "gosto musical", que não conseguia se "adaptar" ao que eu ouvia nas estações de rádio, a ponto de não mais conseguir ouvir rádio. Seria este um sinal de velhice? Meus ouvidos teriam enferrujado e não conseguiam ouvir com prazer o novo? Por que tanta riqueza musical da MPB havia desaparecido? Desconfiava disto que o texto expõem, mas cheguei a pensar que era um exagero e chatisse ficar achando isto ou aquilo, e que eu é que deveria mudar, me atualizar. Mas, ao contrário, fico muito satisfeito de ter lido o trabalho publicado pela revista APLAUSO, porque descubro que não era imaginação, que eram fatos reais que estavam escondidos: a repetição, o jabá, o circo, a falta de escrúpulos, o sistema das rádios, o mercado, os gerenciadores da música. Os depoimentos de Katia Suman, Nelson Mota, Edu K, dj Claudinho Pereira, Raul Albornoz, Lobão, Eduardo Santos, Flávio Bernardes e Tutinha, entre outros, são definidores. Um "levantar de véus", como diria Darci Ribeiro em seu ensaio O Óbvio, para descobrir outros véus a serem descortinados. A velha "tetra". Mas, voltando ao que eu gostaria realmente de acrescentar, e que havia concluído há alguns anos, se refere a nossa Ditadura Militar. Vivi esta época, e lembro perfeitamente das riquíssimas e provocadoras letras de músicas, que faziam crítica ao sistema, tentando driblar a censura governamental oficial que existia.Até as peças teatrais deveriam ter o aval da censura para poderem ir aos palcos. Só que os governos militares foram muito "inteligentes", voltando a Darci Ribeiro, e conseguiram sufocar a educação, a filosofia, a tudo que fosse possibilidade de pensamento reflexivo. Pensar havia se tornado um crime. Lavaram as escolas e os cérebros, retirarando a "sujeira do refletir", com um programa e planejamento infalíveis. Suprimiram todas as "liberdades", engendraram pré-conceitos. Simplificaram a extraordinária complexidade da vida. E tiveram sucesso. Eis o nosso panorama musical medíocre de um povo mediocrizado, alienado, que tenta se reconstruir. Luta contra o capitalismo dito "selvagem" e acha que cultura é algo estranho, que está lá fora. Os discursos da "Esquina Maldita", no encontro da Sarmento Leite com Osvaldo Aranha, em Porto Alegre ( um dos poucos lugares à época da ditadura que era permitido a estudantes escritores e intelectuais se reunirem- e onde fiquei amigo de Caio Fernando de Abreu-, mesmo que suspeitos de serem "subversivos"), não foram suficientes para prever que o caminho seria outro. Que, definitivamente, havíamos perdido as nossas batalhas ideológicas.Para finalizar, acho que a educação deverá fazer a "retroação", ou seja, voltar-se para a música como parte da discussão do senso comum e construção do pensamento crítico, cidadão.

sábado, 17 de novembro de 2007

Visita à 6ª Bienal do Mercosul

6ª BIENAL DO MERCOSUL - VISITANDO JORGE MACCHI NO SANTANDER CULTURAL






Foi uma visita inesquecível. Tudo o que vi e estudei sobre arte me projetou para o instante da visitação no Espaço do Santander Cultural, com a obra Fim de Filme, de Jorge Macchi. Como diz no Portfólio Pedagógico da Bienal:"Em algumas das suas obras, Macchi trabalha com a repetição do acaso e com as coincidências forçadas. Fatos que estatisticamente se dão somente uma vez, ou supostamente caótica e imprevisivelmente, acontecem novamente. Com isso, a obra demonstra a possibilidade inesperada do que se supõe ser uma possibilidade." Poder passear pelos dois lados linkando trabalho a trabalho foi fantástico, conduzidos que fomos pelo mediador Thales Speroni. Muito competente no seu trabalho, Thales demonstrou um entusiasmo e conhecimento que me contagiou, a ponto de ter levado meus alunos na semana seguinte para a visitação ao Jorge Macchi. Agendei o mesmo mediador e consegui o acompanhamento dele para os 40 alunos que levei de 5ªs e 6ªs séries. Eles ficaram como que hipnotizados pelas obras e pela condução do Thales. Durante todo o percurso e as explicações, houve uma total e espontânea concentração. Im pressionante o interesse que os alunos tiveram. Alguns me olhavam e diziam: Bah, professor, que legal que ele é! Na sala perfurada ele mostrou a festa que só existia dentro deles, como se o globo suspenso no ar tivesse deixado o negativo de suas luzes pelo ambiente. Caminharam rápido, com o Thales, no segundo piso, imaginando que os pedaços do Rio Sena distribuído nos pequenos quadros, de onde foram retiradas as pontes de Paris, estivesse correndo. Bateram palmas para criar o rítmo de um caderno de música sobre um pedestal, que o mediador mostrava e folheava. Sentaram no chão com o Thales, para perceber os sons criados com a passagem dos veículos, na pauta musical sobre um asfalto imenso projetado na parede. Viram a água que não existia e o colorido das sombras. Descobriram a possibilidade de caminhos diante de um vidro partido. A tempestade musical e as pegadas de barro, bem como compreenderam que era muito importante "tirar os pingos dos is", ao invés de pô-los.

Relendo Velázquez




Velázquez olha para frente. Mas não olha para frente simplesmente. Duas são as possibilidades do seu olhar: uma é que ele esteja olhando para um espelho que se encontra no lugar do espectador. Nos arremete, com isto, para a segunda possibilidade: torna o espectador/observador cúmplice, parte integrante da obra e, neste caso, o trabalho se projeta para fora do estático e frio tecido lambuzado de resinas. De que maneira isto acontece? Fazendo com que o observador passe a fazer parte do quadro, como um quarto ponto do quadrilátero, que se forma a partir do triângulo cujos vértices são formados pelo artista, o homem ao fundo ( na porta) e a anã vestidos de preto. Se destacam pela luminosidade. Este quarto vértice, a luz de quem observa, vivifica a obra, se encontra à sombra ,no desconhecido: remetendo para a contemporaneidade e fisgando o próprio espectador.Portanto, em sua essência, o eixo principal não é a Infanta, mas o próprio pintor, o criador, o que impõem a suspensão da cena e a sua linguagem. O que liberta a cena às probabilidades interpretativas. Não para o seu tempo, mas para todos os tempos possíveis. O que guarda a chave e o segredo do jogo de espelhos que pinta. No fundo o espelho não determina, apenas sugere. Pinta os reis ou pinta a si mesmo? Sua consciência de dívida para com seus mecenas? Enigma. Justifico a minha releitura ao trazer para o centro da cena o autor, colocando as imagens à esquerda e à direita, como simetrias que se refletem nos espelhos, o restante dos elementos. Um jogo que se busca harmônico. Verde e vermelho – em oposição, reescrevem as sombras e as luzes. Artur Cristóvão Madruga Martins.

Currículo, Didática e Projeto Político Pedagógico

Por currículo, entendo um conjunto básico de saberes, compreendidos como fundamentais para que, ao serem repassados aos educandos, possam auxiliá-los na construção de seus conhecimentos. Mas que não é só isto. É também o que está à volta do mesmo, como os funcionários, os professores, a escola, tudo o que compõem o conjunto de suas relações enquanto estudante, dentro do âmbito escolar, como, por exemplo, as vivências que cada um carrega. É uma ordenação que tem por objetivo a organização do sujeito enquanto cidadão em contínua troca de saberes no seu coletivo.
Didática, por outro lado, são as maneiras, as formas, os processos que o educador utiliza para guiar, monitorar ou auxiliar o educando, para que o mesmo possa atingir os possíveis objetivos previamente definidos. Lógico que, para exercitar o seu fazer didático, o professor lança mão de determinados instrumentos. A reflexão sobre a utilização dos mesmos - e a sua criatividade - irão contar muito para que possa obter resultados positivos.
Currículo e didática necessitam de constantes avaliações para evitar o engessamento do fazer educacional.
Por Projeto Político Pedagógico entendo como sendo as diretrizes que orientam toda a vida da escola, escritos, colocados no papel, representando o pensamento do coletivo em relação a todos os passos possíveis de serem dados no espaço de aprendizado. O PPP ocupa-se do funcionamento da Secretaria ao Plano de aula. Da prática e da filosofia da escola.

Caminhada e Prática Docente

CAMINHADA E PRÁTICA DOCENTE
Trabalhando em uma comunidade de periferia, pode-se perceber exatamente o que Paulo Freire e os autores dos textos lidos, Giroux, Sartori e Krahe expuseram. Propostas e análises que refazem a nossa leitura leitura diária.
Essa educação “bancária” referida é a que estamos acostumados a praticar, mesmo que não quiséssemos. Até refletimos sobre ela, mas não mudamos, enquanto sujeitos que repetem o que nos é imposto. Não realizamos e não achamos provável a função de professor pesquisador no nosso dia-a-dia, porque já nos habituamos com a idéia externa de que o nosso trabalho é “conduzir”, somos meros técnicos tratando de cumprir o que os “mestres da pedagogia” nos impõem que seja feito. Ações fora da realidade, porque os mesmos não estão ali dentro da sala de aula de periferia dando duro para compreender, junto com os alunos, o problema social que os envolve e como soluciona-lo, quando queremos que eles façam a reflexão de seus cotidianos.
Frustramo-nos, enquanto professores, ao vermos que as reformas educacionais falam no professor como se ele fosse algo estático, imutável, passivo, sem opinião, que sempre é enganado e desvalorizado.
Sonhamos, quando saímos do magistério, com um mundo encantado onde tudo será fácil, e usamos de criatividade como se estivéssemos abrindo um baú cheio de riquezas desconhecidas. Com o tempo, vamos descobrindo que aquele baú fica vazio cedo demais. Que não fazemos mais do que cumprir tarefas e nos amarguramos – o que acontece com a maioria dos professores. Cavocamos otimismo e alegria, na tentativa de humanizarmos o nosso trabalho, mas temos bem claro que os conservadores venceram, pois engoliram as forças progressistas e as paralisaram. Quando imaginávamos que algo iria acontecer na educação como um todo – e isto inclue o professor como um agente transformador, o impossível vira realidade. O que o conservadorismo não conseguia fazer devido a resistência das forças opostas, foi feito e superado pela esquerda, transformando o ensino numa mera relação burocrática servil ao capital especulativo, à classe dominante.
É tempo de fazermos resistência, de acreditarmos sempre numa educação que leve à reflexão-ação. Que os professores possam se transformar em pesquisadores do seu fazer educacional.
Tive algumas experiências gratificantes neste sentido, trabalhando com o Seja –Serviço de Educação de Jovens e Adultos. Nós professores saíamos, fora do horário das aulas, a fazer pesquisa nas ruas onde moravam os nossos alunos, sem que eles soubessem. Preparávamos em nossas reuniões questionários e saíamos em duplas para os diversos bairros onde eles se localizassem. Entrevistávamos igrejas, candomblés, evangélicos, bares, armazéns, associações de moradores, íamos às casas de alguns alunos. Enquanto um entrevistava o outro observava e anotava. Observava o entorno do entrevistado para anotar as possíveis contradições entre as falas e o que o nosso olhar via. Respeitávamos até o vocabulário do interlocutor. Fazíamos reuniões gerais posteriormente, para selecionar as falas mais significativas e devolvíamos para a comunidade em reunião geral na escola, junto com os alunos. Ali eles confirmavam, retiravam, transformavam ou acrescentavam às falas apresentadas. Com elas elaborávamos o nosso planejamento, através de um “Complexo Temático” que se interligava entre conceitos e princípios. Depois, em outra reunião, estabelecíamos um plano intuitivo, para desencadearmos novas falas, em razão do que era “Senso Comum”, para que pudéssemos “Planejar” em cima do contraditório, despertando o “Senso Crítico”. Se não conseguíamos atingir esta meta satisfatoriamente, no mínimo abríamos o debate em torno dos temas de suas realidades, pertinentes. Agíamos para provocar reflexões. O aluno se construía como praticante reflexivo. Infelizmente isto só servia e serve para o aluno. O professor não existe ainda neste ambiente. Esta visão progressista não contempla o professor, que silencia, que é passivo, que se desvaloriza, que é oprimido.

Letramento e Trabalho Pedagógico

O texto “Letramento e Trabalho Pedagógico”, de Filomena E. P. Assolini e Leda V. Tfouni, já em sua introdução, faz referência ao letramento como a inclusão de todos ( inclusive os não-alfabetizados), no processo de aquisição de um sistema de escrita e todas as suas conseqüência para estes sujeitos, na vivência interativa, dentro de sua organização social, desde que considerados os aspectos sócio-históricos desta abordagem. Acho que é aqui o centro de tudo o que é colocado posteriormente, mas vale a pena determo-nos em sua análise. Hirsh, em sua definição sobre letramento, diz que ele não é só permitir que as pessoas leiam jornal, mas que possam eleborar dentro de si o que lêem, fazendo analogias com as informações já armazenadas ou linkadas, proporcionando “insights”( termo usado por Brian Street), que levem à compreensão dos diversos tipos de textos escritos ( ou orais). Sob meu ponto de vista, pode até ter um uso social o fruto da leitura, mas a sua compreensão antecede e contorna o significado de “letramento”. Tfouni diz: “Em que medida o sujeito pode ocupar a posição de autor, dentro do modelo autônomo?” A própria Tfouni responde (p.41 deste texto):” pessoas que vivem em sociedades letradas não podem ser chamadas, em hipótese alguma, de iletradas, mesmo que não dominem o sistema de escrita desta sociedade e, em decorrência, sejam não-alfabetizadas”.”[...] exposição às práticas sociais embasadas direta ou indiretamente no uso da escrita é inevitável.”(Tfouni, 1993,pg.1).
Assim, é importante distinguir entre indivíduos empíricos e sujeitos dentro do “continuum” do letramento. É importante salientarmos os fatos discursivos que geram dispersão e impedem que o sujeito ocupe a posição de autor. Também a deriva, que, sem ser controlada, instala uma ausência de coerência no texto, quebrando a unidade aparente. E, finalmente, a retroação, um retorno à seqüência discursiva, quando o sujeito do discurso torna-se o intérprete do já-dito, ocupando a posição de autor. É preciso dar espaços para que outras formas de conhecimento façam parte do processo educacional.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Atividade do Seminário Integrador III

UMA ESTRANHA COINCIDÊNCIA

Ao iniciar a atividade do Seminário Integrador III, que se refere ao comentário a ser feito sobre um texto do Blog Relatos de Experiência , escolhi para reflexão um que leva o título deEstranha Coincidência. Nele podemos tomar conhecimento que a Microsoft e a Nova Escola abriram um "Ponto de Encontro na Internet". O texto não fala de uma experiência só, mas de duas experiência, já que, além desta lançada por estas empresas, revela a existência há 7 anos de um outro portal com título similar: Ponto de Encontro. Ambas gratuítas, disponibilizadas aos educadores brasileiros para as trocas de informações e ferramentas relativas ao ofício. O segundo portal, de autoria das professoras Beatriz Corso Magdalena e Iris Elizabeth Tempel Costa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, existe portanto há mais tempo.
O texto argumenta, evidenciando a existência deste portal, na busca delicada de esclarecimentos, na postagem compartilhada e acadêmica, apontando entre as evidências, uma provável "coincidência". Claro está o equívoco de uma empresa que tanto combate e sofre com a pirataria. Mais ainda, é evidente que algo está muito estranho. Para quem criou e detém grande parte da tecnologia da informática no mundo, sabe-se que " Uma simples consulta ao Google[...]possibilitaria[...] constatar esse nome em uso".
Esses argumentos nos são suficientes para sabermos que entra em campo um novo embate: multinacional x universidade, capital x conhecimento, evidenciados ao final do texto com os seguintes argumentos: [...]gostaríamos que se manifestassem[...]para que possamos nos posicionar.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Letramento e Arte

Atualmente estou lecionando artes para as 5ªs e 6ªs séries , mas já trabalhei muito com 2ªs e 3ªs séries. Compreendo que há uma leitura que a criança vai fazendo do mundo à sua volta, cheia de significados, palavras lidas com alegria, como se ao lê-las se apropriassem daquilo que está por trás do signo decifrado. E esta leitura, este letramento, este utilizar-se das palavras para movimentar e movimentar-se com e no mundo à sua volta, é bem emocionante. Desta forma, trabalhar artes nestas séries também me parece trabalhar com outros signos, quando se procura uma outra alfabetização, através de imagens, das contextualizações das imagens durante o processo de criação. Por exemplo, quando se faz teatro, se lida com a palavra, e ela toma um significado importantíssimo na dramatização. O aluno lê teatro, escreve teatro, produz, cria e representa o que havia criado no papel. Ve o pequeno texto, para o qual ele havia contribuido, elaborando junto com o seu grupo,de repente, criar vida na dramatização que realizam. Depois ainda constroem máscaras, fazem leituras sobre as máscaras criadas, oralmente, relacionando as máscaras com as histórias que vão inventando, entre linhas que vão sendo desenhadas- com ou sem simetria. Aí vejo letramento. A compreensão e a utilização que a criança faz com as palavras-imagens do seu cotidiano, lendo o mundo proporcional ao tamanho daquilo que vai construindo.