sábado, 17 de novembro de 2007

Letramento e Trabalho Pedagógico

O texto “Letramento e Trabalho Pedagógico”, de Filomena E. P. Assolini e Leda V. Tfouni, já em sua introdução, faz referência ao letramento como a inclusão de todos ( inclusive os não-alfabetizados), no processo de aquisição de um sistema de escrita e todas as suas conseqüência para estes sujeitos, na vivência interativa, dentro de sua organização social, desde que considerados os aspectos sócio-históricos desta abordagem. Acho que é aqui o centro de tudo o que é colocado posteriormente, mas vale a pena determo-nos em sua análise. Hirsh, em sua definição sobre letramento, diz que ele não é só permitir que as pessoas leiam jornal, mas que possam eleborar dentro de si o que lêem, fazendo analogias com as informações já armazenadas ou linkadas, proporcionando “insights”( termo usado por Brian Street), que levem à compreensão dos diversos tipos de textos escritos ( ou orais). Sob meu ponto de vista, pode até ter um uso social o fruto da leitura, mas a sua compreensão antecede e contorna o significado de “letramento”. Tfouni diz: “Em que medida o sujeito pode ocupar a posição de autor, dentro do modelo autônomo?” A própria Tfouni responde (p.41 deste texto):” pessoas que vivem em sociedades letradas não podem ser chamadas, em hipótese alguma, de iletradas, mesmo que não dominem o sistema de escrita desta sociedade e, em decorrência, sejam não-alfabetizadas”.”[...] exposição às práticas sociais embasadas direta ou indiretamente no uso da escrita é inevitável.”(Tfouni, 1993,pg.1).
Assim, é importante distinguir entre indivíduos empíricos e sujeitos dentro do “continuum” do letramento. É importante salientarmos os fatos discursivos que geram dispersão e impedem que o sujeito ocupe a posição de autor. Também a deriva, que, sem ser controlada, instala uma ausência de coerência no texto, quebrando a unidade aparente. E, finalmente, a retroação, um retorno à seqüência discursiva, quando o sujeito do discurso torna-se o intérprete do já-dito, ocupando a posição de autor. É preciso dar espaços para que outras formas de conhecimento façam parte do processo educacional.

Um comentário:

Beatriz disse...

Artur, agora sim entrastes no espírito do blog como um repositário de dados e registros da ação e do pensar!! Nem imaginas como fiquei satisfeita!! Realmente o letramento é muito mais amplo e complexo. No caso do teatro há um letramento que muito pouco se desenvolve que é a expressão corporal e sua compreensão.
Um abraço
Bea